Bairro Boi Morto

Dificuldade de acesso à saúde e ruas esburacadas prejudicam moradores

Da redação*

Fotos: Gabriele Bordin (Diário)
Rua Rádio Guarathan segue com pontos de alagamento em dias de chuva

Há 18 anos, a comerciante Maria Machado da Costa, 60 anos, e o aposentado Itamar José da Costa, 66, fixaram residência na Rua Terra Nova, no Bairro Boi Morto. O casal, que morava na Rua Florianópolis, no Bairro Pinheiro Machado, mudou-se para o Boi Morto junto com os dois filhos. Na parte da frente da casa, Maria mantém um empreendimento de confecção de roupas.

- Nós adoramos morar aqui. A vizinhança é muito boa, geralmente são famílias que fixam residência, pois é um bairro militar devido à presença de vários quartéis. Embora façamos as nossas compras fora do bairro, aqui tem de tudo. A Escola Humberto de Alencar Castelo Branco atende bem toda comunidade. Meu neto Davi, de 8 anos, estuda lá, e o ensino é de qualidade - garante. 

A Escola Humberto Castelo Branco é bem vista pelos moradores do bairro

Maria menciona que os moradores do bairro são atendidos pela Estratégia Saúde da Famíllia Vitor Hoffmann, na Vila Rossi. Para ela, o atendimento deixa a desejar: 

- Pensamos duas vezes antes de ir ao médico devido à tamanha burocracia para retirar uma ficha e realizar uma consulta. 

Ela explica que a terça-feira é o único dia para retirar as fichas para consultas de toda a semana. A população precisa chegar na fila às 5h, quando o portão ainda está fechado, e esperar até as 8h, horário em que os funcionários chegam. 

- Esperamos do lado de fora por essas três horas. Ainda está escuro e perigoso, principalmente quando está frio e chovendo. Se o caso é urgente, nos encaminham às unidades de pronto-atendimento. Os funcionários fazem o possível, mas ainda falta muito para o ideal - avalia a comerciante. 

População lamenta a dificuldade de conseguir atendimento médico na ESF Vitor Hoffmann

Maria também lamenta o fato de o posto ter apenas uma médica pediatra. 

INSEGURANÇA
Embora goste muito de morar no Boi Morto, Maria diz que hoje não é mais tão seguro quanto no tempo em que a família chegou na região:

- Temos pouca segurança aqui, talvez por ser um bairro onde circula muita gente. Às vezes, acontecem assaltos nas casas. Por isso, colocamos cadeado no portão - relata. 

TRAFEGABILIDADE
A Rua Terra Nova é metade de paralelepípedo e metade de chão batido. Quando chove, a água escoa para dentro dos pátios de algumas casas.

A aposentada Santa Terezinha Fernandes Ferreira, moradora da rua há quase 30 anos, possui quatro casas na via. Ela conta que luta pela solução do problema há mais de dois anos. 


Rua Terra Nova é constituída parte de paralelepípedo e parte de chão batido

Terezinha buscou informações junto à Secretaria de Infraestrutura e Serviço, em 2017, mas foi informada de que teria de entrar em uma fila, conforme protocolo. Buscando uma solução mais rápida, em 2018, ela procurou pelo gabinete de Sérgio Cechin, vice-prefeito, onde conseguiu com que a via fosse patrolada, o que pirou a situação do escoamento. 

- Propus que cada vizinho comprasse uma nova tubulação para a entrada das casas para que a água escoasse em direção ao campo. Após isso, a prefeitura colocaria a sarjeta. 

Em outra via, na Rua Rádio Guarathan, a situação também é precária. O serviços gerais Valdoir Corrêa Oliveira, 40 anos, diz que não lembra da última manutenção, além de o esgoto ficar a céu aberto.

A equipe do Diário esteve no Bairro Boi Morto em dezembro de 2017. A situação é a mesma.

O QUE DIZ A BRIGADA MILITAR
Até o fechamento desta edição, a Brigada Militar não havia retornado o e-mail enviado pelo Diário.

O QUE DIZ A PREFEITURA

  • Sobre os problemas da Rua Rádio Guarathan:

A Secretaria de Infraestrutura e Serviços Públicos diz que realiza, dentro de suas possibilidades, a execução de serviços que restabeleçam a trafegabilidade dentro do cronograma de serviços. Segundo o órgão, a via recebeu manutenção em março deste ano
A secretaria diz que a rede de esgoto da rua é de escoamento irregular de esgoto cloacal. A prefeitura solicitará uma vistoria à Superintendência de Fiscalização para responsabilizar e dar solução ao problema

  • Sobre a ESF de Saúde Vitor Hoffman:

A prefeitura informa que a ESF Vitor Hoffmann mantém os portões fechados para resguardar a segurança do local. A Secretaria de Saúde estuda a possibilidade de atendimento por demanda livre. Esse processo diminuiria ou acabaria com as filas na madrugada, porém, ainda não há uma conclusão para prazo de implantação desse modelo de fluxo
Referente ao atendimento de apenas um médico, o órgão esclarece que a unidade é uma Estratégia Saúde da Família, ou seja, a equipe é constituída por médico, preferencialmente da especialidade medicina de família e comunidade; enfermeiro; auxiliar e/ou técnico de enfermagem e agente comunitário de saúde. Podendo fazer parte da equipe, outros profissionais. Como é uma região com 4 mil pessoas cadastradas, considera-se que a unidade está dentro dos padrões exigidos pelo Ministério da Saúde. Não havendo, neste momento, previsão de contratação de outros médicos 

  • Sobre a Rua Terra Nova:

A prefeitura afirma que tem trabalhado na melhoria e na infraestrutura de vias que apresentam necessidade e também na drenagem de águas pluviais. Ressalta que essa rua foi aberta de forma irregular pelo loteador, sem a infraestrutura prevista em lei, o que dificulta a tomada de uma ação definitiva 

  • Sobre os assaltos às casas:

Assuntos relacionados à Segurança Pública são de responsabilidade do governo do Estado. No entanto, a prefeitura destaca os esforços da Guarda Municipal de Santa Maria em fazer rondas frequentes na região, dentro de suas possibilidades e atribuições, com o objetivo de auxiliar os demais órgãos de segurança e coibir a violência e a criminalidade

*Colaborou: Gabriele Bordin

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